Como a tecnologia dos espelhos do James Webb ajuda em cirurgia de olhos
Pessoas com problemas de visão, como miopia e astigmatismo, contam, já há alguns anos, com um aliado pouco provável: uma tecnologia usada nos espelhos do Telescópio Espacial James Webb. Sim, o mesmo que captou a luz emitida há mais de 13 bilhões de anos em fotografias históricas lançadas pela Nasa em julho.
Estranho? Nós explicamos. Após décadas de desenvolvimento, os espelhos usados pelo telescópio também tornaram-se capazes de verificar, com precisão, as imperfeições na curvatura da córnea e vias ópticas de humanos. Luz, afinal, é luz em qualquer lugar do universo — quer seja ela emitida por uma galáxia distante ou refletida na sua retina.
A Nasa começou a desenvolver a tecnologia ainda no início da década de 2000, junto à empresa norte-americana WaveFront Sciences. À época, o desafio era que o telescópio tivesse um sistema capaz de medir desvios nos espelhos que capturavam a luz, segundo a agência espacial dos EUA explicou em comunicado.
Mais de 15 anos depois, a tecnologia de medição deu tão certo que os pesquisadores logo perceberam que poderia ser usada com outra finalidade: no diagnóstico e cirurgias de doenças oculares.
Foi então que a Nasa implantou alguns dos algoritmos em um produto comercial: o Sistema Completo de Análise Oftalmológica (COAS, na sigla em inglês). O método é capaz de diagnosticar e ajudar na correção de problemas de visão com o mapeamento do olho.
Uso em exames e cirurgias
Em 2017, a farmacêutica Johnson & Johnson incorporou a tecnologia, o que deu origem ao equipamento “iDesign Refrative Studio”. O Food and Drug Administration (FDA, similar à Anvisa no Brasil) autorizou o uso no ano seguinte.
Além da prescrição de óculos, a tecnologia do James Webb também guia cirurgias LASIK — método que é tido como mais rápido, seguro e menos agressivo aos olhos. O equipamento ainda pode fazer mais de 1.200 tipos de medições para correção de visão para cada pessoa.
Os espelhos do telescópio James Webb possibilitaram a melhor e mais detalhada imagem de “campo profundo” já tirada do universo. A foto mostra a área conhecida como SMACS 0723 — região com aglomerados de galáxias massivas. A tecnologia capturou galáxias e estreladas formadas há pelo menos 13,5 bilhões de anos, ou 300 milhões de anos após o Big Bang.
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