Mapa mostra quase 3 milhões de cientistas dedicados às pesquisas desde 1940
Um levantamento do CSH (Hub de Ciência Complexa, na tradução livre) de Viena, na Áustria, mapeou quase 3 milhões de cientistas dedicados a estudar três únicas áreas tecnológicas – semicondutores, células-tronco e internet – em todo o mundo desde 1940.
Os dados, que têm base no banco de publicações e bolsas de pesquisa britânico Dimensions, reúnem décadas de informações sobre milhões de artigos publicados, 20 milhões de pesquisadores e mais de 98 mil instituições de todo o mundo.
No campo de semicondutores, por exemplo, houve um avanço exponencial a partir da década de 1950, especialmente nos EUA. Na imagem, A representa o número de cientistas na área em 1954. Até D, em 2020, barras mostram o avanço da pesquisa no país norte-americano.
Em todo o mundo, foram mais de 5 milhões de artigos publicados sobre semicondutores, entre 1941 e 2019. Os materiais vêm de pouco mais de 2 milhões de pesquisadores em 1.633 regiões.
No mesmo período, o levantamento rastreou mais de 1 milhão de artigos de 752.575 pesquisadores em células-tronco embrionárias. Eles vêm de 1.161 regiões do mundo.
Já a pesquisa no campo da internet contou com 246.953 publicações vindas de 109.098 cientistas de 1.032 regiões do mundo. Neste caso, os artigos começaram a ser lançados em 1956, com filtros acionados até 2019.
Número de cientistas ao redor do mundo
- Pesquisa em semicondutores: 5.062.639 publicações científicas e 2.011.170 pesquisadores em 1.633 regiões do mundo (1941 a 2019)
- Pesquisa em células-tronco embrionárias: 1.083.100 publicações científicas e 752.575 pesquisadores em 1.161 regiões do mundo (1941 a 2019)
- Pesquisa em internet: 246.953 publicações de 109.098 cientistas em 1.032 regiões do mundo (1956 a 2019)
Quem sai na frente, cresce mais rápido
Com base nos dados, a pesquisa mostrou que as regiões que desejam se tornar líderes em um campo científico específico devem se envolver desde o início – ou correm o risco de ficar para trás.
“É possível recuperar o atraso, mas isso tem um custo tremendo”, afirmou Stefan Thurner, um dos analistas do estudo. “Investimentos precoces em áreas emergentes de pesquisa são um dos principais impulsionadores do domínio científico”.
“Como sugere o senso comum, que as regiões que se movem cedo para novas tecnologias tendem a dominar os campos científicos correspondentes no futuro”, pontuou. Um caso de região que não foi pioneira, mas “corre atrás do prejuízo”, é a China.
“As intervenções estratégicas devem se sustentar ao longo de décadas para competir por uma posição de liderança em um campo, como é evidente, por exemplo, na ciência chinesa de semicondutores, onde o processo de recuperação começou no final dos anos 1970 e levou a um papel dominante hoje”, disse o pesquisador.
O país asiático parece estar “fechando” uma lacuna deixada pelos EUA. “Potencialmente, assume custos enormes, mas também mostra sua capacidade de se envolver efetivamente com alto impacto”. Ainda que os pioneiros tenham alguma vantagem na maioria dos contextos, isso não significa que não dê para alcançá-los.
“Não é necessariamente impossível para os retardatários alcançar ou mesmo superar os pioneiros em um campo científico”, esclareceu Márcia R. Ferreira, pesquisadora do CSH.
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