Aparelho do passado: aristocrata do século 17 usava fios de ouro para prender os dentes
Em 1988, arqueólogos encontraram em Chateau de Laval, no noroeste da França, um corpo que pertenceu a uma aristocrata francesa. A mulher desenterrada chamava Anne d’Alegre, e morreu em 1619.
Na época, os cientistas perceberam algo curioso: a arcada dentária contava com fios de ouro emaranhados, que pareciam segurar os dentes. Mas faltava tecnologia para realizar análises aprofundadas.
Hoje, o cenário é outro. Uma equipe do Instituto Nacional Francês de Pesquisa Arqueológica Preventiva revisitou o corpo de Anne e descobriu que a mulher sofria de uma doença que estava afrouxando sua dentição.
Exames de raio-X revelaram que os fios de ouro foram utilizados para unir e apertar os dentes. O estudo completo foi publicado no Journal of Archaeological Science: Reports.
Segundo os pesquisadores, os fios de ouro precisaram ser reapertados ao longo dos anos, o que não foi tão benéfico assim. Apesar do sorriso intacto, os dentes vizinhos se desestabilizaram durante as manutenções e todo o procedimento parece ter causado dores na aristocrata.
Essa não foi a única intervenção odontológica pela qual Anne passou. Sua boca guardava também um dente artificial feito de marfim de elefante, o que foge do comum, já que o popular para a época eram as próteses com matéria prima retirada de hipopótamos.
Na época, a aparência física era relacionada ao seu valor e posição na sociedade, o que pode ter incentivado Anne a passar pelos procedimentos e aguentar a dor.
A mulher era uma huguenote (protestante francesa), que lutou contra os católicos nas guerras religiosas do país no final dos anos 1.500. De acordo com os pesquisadores, a arcada dentária sugere que a aristocrata passou por muitas situações de estresse durante a vida.
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