Cientistas propõem uso de energia eólica em Marte para futuras missões
Um grupo de cientistas dos EUA publicou um estudo que demonstra a viabilidade da produção de energia eólica em Marte. A pesquisa é uma boa notícia para a NASA, já que a tecnologia poderia abastecer futuras colônias humanas autossustentáveis na superfície do planeta. Tudo isso em um futuro ainda distante, é claro.
Até então, o uso de energia eólica em Marte era considerada uma opção descartada. O planeta, afinal, possui uma atmosfera muito fina e rarefeita, com densidade de cerca de 1% a da Terra. Nessas condições, era esperado que os ventos marcianos não teriam força suficiente para gerar energia.
Porém, a partir do uso de novos modelos climáticos de última geração criados pela NASA, assim como dados coletados por missões como a Mars Global Surveyor e Viking, os cientistas descobriram que a energia eólica também tem potencial para ser usada no planeta vermelho.
Eles chegaram à conclusão que, na maioria dos locais prováveis de pouso de futuras missões tripuladas, as velocidades dos ventos são suficientemente rápidas para ser uma fonte de energia complementar ou mesmo autônoma para os astronautas.
Entre os 50 locais de pouso propostos pela agência espacial, 40 deles são capazes de gerar energia eólica. Em alguns deles, as turbinas teriam capacidade para até 24 quilowatts, o suficiente para abastecer uma tripulação composta de seis astronautas durante quatro meses. Também foram encontradas 13 grandes regiões marcianas que os recursos eólicos são potencialmente estáveis.
Essa energia seria usada em habitats de superfície, sistemas de suporte à vida, bem como instrumentos científicos. Isso só é possível graças a inovações tecnológicas na criação de turbinas eólicas aqui na Terra, que podem operar em locais extremos, extraindo energia mesmo quando os ventos são mais lentos.
A pesquisa destacou que a energia eólica se apresenta uma opção interessante principalmente no período da noite, em latitudes polares e médias durante o inverno no planeta, bem como quando ocorrem tempestades de poeira – que chegam a cobrir o planeta inteiro por semanas.
A ideia é que a energia eólica seja mais utilizada durante os meses mais frios em Marte, quando a energia solar é menor, suprindo a demanda quando ocorre a redução na produção de energia por meio de painéis solares. Estima-se que somente a energia eólica poderia fornecer mais de 50% da energia total necessária durante os meses que a energia solar é mais fraca.
O estudo – publicado na revista Nature Astronomy – foi realizado por cientistas da NASA, e das universidades do Colorado e de Washington-Seattle, nos Estados Unidos. “Demonstramos que a energia eólica compensa reduções diurnas e sazonais na energia solar, particularmente em regiões de mérito científico”, disseram os pesquisadores no artigo.
Além da energia solar e eólica, a NASA também está desenvolvendo reatores nucleares que podem ser usados em futuras missões tripuladas na Lua e em Marte. No entanto, esse tipo de energia pode ser perigoso próximo a bases habitadas, além de ter a questão de como descartar de maneira segura o lixo nuclear no planeta.
A expectativa da NASA é que as primeiras missões tripuladas sejam enviadas em direção a Marte em meados da década de 2030.
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