Ondas gravitacionais inéditas varrem a galáxia e fazem a Terra balançar
Pela primeira vez, cientistas detectaram evidências de que a Terra e o universo estão inundados pelas ondas gravitacionais. A revelação veio na quinta-feira (29), em artigos científicos publicados na revista The Astrophysical Journal Letters.
“Podemos dizer que a Terra se movimenta devido às ondas gravitacionais que varrem nossa galáxia”, diz Scott Ransom, astrofísico do Observatório Nacional de Radioastronomia dos EUA, no estado de Virgínia.
Os astrônomos ouviram o zumbido de ondas gravitacionais de baixa frequência ecoando por todo o universo. Embora não sejam perceptíveis pelos seres humanos, as ondas gravitacionais da galáxia são capazes de distorcer o espaço-tempo.
Tratam-se de ondulações no tecido rígido e duro do espaço-tempo. Isso é consequência dos fenômenos mais violentos que o cosmos pode gerar, como explosões e colisões entre estrelas ou fusões de buracos negros, por exemplo.
As ondas gravitacionais atingem a Terra o tempo todo, mas não tínhamos ferramentas sensíveis o suficiente para detectá-las – até agora.
Há anos, os cientistas buscaram o fundo da onda gravitacional, ou seja, um eco fraco mas persistente desse fenômeno. Agora, as investigações finalmente confirmaram sua existência.
Como foi a descoberta?
A revelação inédita é o resultado de 15 anos de observações feitas pelo North American Nanohertz Observatory for Gravitational Waves (NANOGrav).
Na investigação, a equipe usou radiotelescópios para monitorar 68 estrelas mortas, chamadas de pulsares. A partir daí, constatou que elas agiam como um conjunto de boias, flutuando em ondulações do espaço-tempo que “varrem” a galáxia.
“O efeito dessas ondas nos pulsares é extremamente fraco e difícil de se detectar, mas construímos confiança nas descobertas ao longo do tempo à medida que coletamos mais dados”, disse Katerina Chatziioannou, pesquisadora do NANOGrav, ao site EurekAlert.
A provável fonte da constatação é o sinal combinado de muitos pares de buracos negros gigantes – de milhões ou até bilhões de vezes a massa do Sol.
Essas ondas são milhares de vezes mais fortes e mais longas do que as encontradas em 2015, com comprimentos de onda de até dezenas de anos-luz. Por outro lado, as ondulações detectadas desde 2015 usando uma técnica chamada interferometria têm apenas dezenas ou centenas de quilômetros de extensão.
Albert Einstein previu as ondas gravitacionais pela primeira vez em 1916. Mas o fenômeno só foi detectado pela primeira vez em 2015, pelo Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO).
À época, o colegiado captou uma explosão de ondas da fusão de dois buracos negros.
“Temos uma nova maneira de investigar o que acontece quando monstruosos buracos negros nos núcleos das galáxias iniciam uma lenta, mas inexorável, espiral de morte”, explica Joseph Lazio, integrante do NANOGrav.
“Achamos que esse processo é padrão para muitas galáxias e vimos muitos exemplos em várias etapas, mas finalmente estamos começando a vislumbrar uma das principais fases finais”, pontuou o pesquisador.
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