Pesquisa mostra como células cancerígenas resistem à quimioterapia; veja detalhes
As células cancerígenas se dividem rapidamente — muito mais do que as células normais. Por isso, a quimioterapia se utiliza de medicamentos que atuam na tentativa de interromper essa reprodução. Mas em alguns casos, isso não é o suficiente.
Agora, um novo estudo publicado na revista Current Biology mostra que as células cancerígenas podem ativar um mecanismo de defesa para driblar a ação da quimioterapia.
Entenda o contexto
As células possuem estruturas chamadas microtúbulos, que atuam na separação do material genético de forma uniforme durante a divisão celular. Assim, é possível garantir a produção bem-sucedida de células filhas.
O mesmo acontece em tecidos cancerígenos, apenas de forma muito mais rápida. Por isso, é comum que medicamentos sejam direcionados justamente aos anti-microtúbulos durante o tratamento de quimioterapia.
Dessa forma, é possível inibir seu crescimento e, consequentemente, dificultar a reprodução acelerada do câncer.
“A quimioterapia anti-microtúbulos normalmente fragmenta os braços mecânicos em vários centros, que puxam os cromossomos em múltiplas direções em vez das duas normais”, explica Peter Gunning, autor do estudo.
Assim, o caos que isso causa impede a separação adequada dos cromossomos para as duas células filhas. Isso, por sua vez, induz a um processo chamado apoptose, que é a morte celular programada.
De acordo com os pesquisadores, isso é bastante eficaz em doses elevadas de quimioterapia. Contudo, quando é preciso diminuir os medicamentos devido à toxicidade ao paciente, os resultados não são tão bons. Agora, eles sabem o porquê.
O que diz a pesquisa
Para entender o mecanismo de defesa das células cancerígenas, os cientistas utilizaram imagens dos tecidos de câncer à medida que passavam pela divisão celular. Assim, puderam observar o que acontecia com os cromossomos e os microtúbulos em tempo real.
Como resultado, descobriram que as células cancerígenas usam a força mecânica fornecida por sua borda, parte chamada de córtex celular, para superar o impacto da quimioterapia comumente usada.
Na prática, tudo começa com um sinal ativado pela célula ao reconhecer a fragmentação dos microtúbulos. Então, ela faz com que essas estruturas se estendam até a borda celular, puxando o córtex para reunir novamente os fragmentos.
“Isso permite que os braços se estabilizem e gerem a força necessária para agarrar fisicamente e puxar os cromossomos para cada célula filha, garantindo a multiplicação das células cancerígenas”, explica Gunning.
Os autores do estudo acreditam que esse mecanismo já era parte fundamental da biologia celular, mas evoluiu para permitir que qualquer célula garanta sua sobrevivência.
Agora que entenderam o caminho exato que as células cancerígenas usam para evitar os efeitos tóxicos da quimioterapia, eles pretendem desenvolver medicamentos que superem este processo.
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