Japão divulga foto de sonda na Lua (de cabeça para baixo)

Japão divulga foto de sua sonda na Lua (de cabeça para baixo)

Nesta quinta-feira (25), a JAXA (Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial) divulgou as primeiras fotos da missão SLIM na superfície da Lua. As imagens esclarecem porque o módulo de pouso não está conseguindo recarregar as suas baterias: a sonda do Japão pousou de cabeça para baixo.

A SLIM chegou na superfície lunar no início da tarde da última sexta-feira (20). De acordo com a agência espacial, a sonda enfrentou uma falha a cerca de 50 metros acima do solo lunar, quando um dos dois principais motores de pouso parou de funcionar.

Diante do problema, o software da sonda ainda tentou de forma autônoma compensar a falta do motor durante a descida. A JAXA afirma que a SLIM tocou a superfície a uma velocidade de 1,4 m/s — o que estava dentro da faixa prevista.

Porém, a sonda estava a uma velocidade lateral acima do design, fazendo que a alunissagem ocorresse em uma altitude diferente do planejado. Isso resultou no pouso do módulo na posição invertida. Dessa forma, como os painéis solares não estão na posição correta, a sonda não consegue recarregar as suas baterias.

Concepção artística de como a SLIM deveria pousar (à esquerda) e como ela acabou ficando (à direita).

Concepção artística de como a SLIM deveria pousar (à esquerda) e como ela acabou ficando (à direita).

Um fracassado sucesso

A agência espacial afirma que precisou desligar a sonda cerca de 3 horas após o pouso para preservar a bateria da SLIM. A expectativa dos japoneses é que, nos próximos dias, a mudança da posição do Sol no céu possa iluminar os painéis solares, dando sobrevida para a missão.

Por outro lado, a falha no motor será investigada pelos japoneses para determinar a causa detalhada.

Apesar do problema, o Japão se tornou a 5ª nação a conseguir pousar suavemente uma sonda na superfície lunar, depois dos Estados Unidos, União Soviética, China e Índia. Apesar de não tocar o solo da maneira planejada, a sonda SLIM (Módulo de Pouso Inteligente para Investigar a Lua, na sigla em inglês) continuou a funcionar e se comunicar com a Terra.

Porém, o principal marco conquistado nesta missão é a precisão do pouso. Os japoneses queriam demonstrar que era possível fazer um pouso de precisão na Lua, a não mais de 100 metros do local alvo. Geralmente, as agências espaciais trabalham com margens maiores, podendo chegar a vários quilômetros.

Foto da cratera Shioli, captada pela SLIM. Imagem: JAXA/Divulgação

Foto da cratera Shioli, captada pelo SLIM. Imagem: JAXA/Divulgação

Mesmo com a falha no motor, a sonda atingiu a superfície a aproximadamente 55 metros do local de pouso original. Entretanto, a agência japonesa ressalta que, antes da falha do motor, a sonda estava a menos 10 metros da trajetória inicialmente planejada – possivelmente entre 3 e 4 metros do alvo. Por tal feito, o Japão considera que a missão já é um sucesso.

Pesquisa científica

A SLIM pousou na borda de Shioli, uma jovem cratera de impacto com cerca de 300 metros de largura, na região conhecida como Mar do Néctar. De acordo com a JAXA, dados indicam que o local conta com sinais do mineral olivina, ejetados do manto da Lua durante o impacto, o que pode trazer insights sobre a formação do satélite.

Antes de ser desligada, o módulo SLIM conseguiu fazer uma análise preliminar das rochas que estão situadas ao redor do local de pouso. A câmera a bordo da sonda captou 257 imagens monocromáticas de baixa resolução, compondo a imagem abaixo.

À esquerda, imagem em mosaico dos arredores da sonda, ao lado de uma visão ampliada de algumas rochas apelidadas pelos cientistas. Imagem: JAXA/Universidade de Aizu/Universidade Ritsumeikan.

À esquerda, imagem em mosaico dos arredores da sonda, ao lado de uma visão ampliada de algumas rochas apelidadas pelos cientistas. Imagem: JAXA/Universidade de Aizu/Universidade Ritsumeikan.

Cientistas das universidades de Aizu e Ritsumeikan, no Japão, estão analisando as imagens, apelidando as rochas e identificando pontos de interesse científico. Caso o SLIM consiga recarregar as suas baterias, a ideia é fazer observações espectroscópicas de alta resolução dessas rochas.

Além disso, antes de pousar na Lua, a SLIM conseguiu ejetar com sucesso duas pequenas sondas robóticas, batizadas LEV-1 e LEV-2.

No caso do LEV-1, ele foi desenvolvido para se locomover de uma forma inovadora na Lua, executando saltos com a ajuda de uma mola propulsora. De acordo com a agência, o robô conseguiu executar os movimentos de saltos planejados e se comunicar diretamente com a Terra, sem a ajuda do SLIM. Isso é considerado um recorde, com o LEV-1 se tornando no menor e mais leve caso de transmissão direta de dados através de 380 mil quilômetros de distância.

Por enquanto, a JAXA não confirmou se o LEV-1 conseguiu captar imagens. Atualmente, o pequeno robô já concluiu todos os seus movimentos, e está em estado de espera na superfície lunar.

Robô bola

Já o LEV-2 é um robô na forma de uma bola de 8 cm de largura que carrega duas câmeras e pode mudar de forma para se locomover na Lua por meio de rodas expansíveis. Aliás, a foto do módulo de cabeça para baixo foi feita pelo LEV-2.

Detalhe do robô LEV-2 durante o seu desenvolvimento.

Detalhe do robô LEV-2 durante o seu desenvolvimento. Imagem: JAXA/Divulgação

Uma fabricante de brinquedos japoneses projetou o LEV-2. O projeto teve o objetivo de inspirar as crianças.

“Espero que as crianças se interessem pela ciência em geral, não se limitando à ciência espacial, por ver um veículo do tamanho de uma bola de beisebol correndo enquanto balança para a esquerda e para a direita na Lua”, diz Hirano Daichi, um dos pesquisadores da missão.

Reveja na íntegra a transmissão do pouso da SLIM na Lua:

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